sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Sagração do agora

 Sagração do agora ou diário de insinuações.  (2021)


Caminhando, depois de a chuva ter dado uma trégua, sinalizo mais de 10 esgotos transbordando até que parei de contar. Também ia refletindo sobre  o hades que há de abrir assim mesmo de um modo tal poético  que há quem nem vá sentir.  Só a consciência empalidecer em seu estado de comodidade. Como frutos de fantasias, óbvio.  O inusitado e  inesperado  existe. E continuei caminhando cheguei a sorrir pelo fato de que não se precisa esperar momento algum pra transformar o (meu) mundo num lugar melhor. Ah eu tenho o sossego do passaro que voa na imensidão  aprendi cada detalhe das árvores e seus apegos -raizes. No entanto, isso não me prende. Aliás  é o que me lança e destronca para longes vistas azuis.  Barro e mar. Modelagem dos instantes, sabe. Como cera que derrete na ardência da chama de uma luz. Basta estar aqui a clarear a noite sem lua. A escuridão do silêncio às buscas pelos corpos, destroços e tesouros. Continuei caminhando sem tropeços.  Devagar que é meu jeito de fazer as coisas , as  contas . Nisso não há erro. E cirúrgico o tempo-ventre é dono da morte e da vida. Da terra que molda e move. Do inferno que se abre aos imbecis. Cruéis. Imprestáveis e injustos. 

Alessandra Espínola

Rio de Janeiro, primeiro de novembro de 2021.

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