Sagração do agora ou diário de insinuações. (2021)
Caminhando, depois de a chuva ter dado uma trégua, sinalizo mais de 10 esgotos transbordando até que parei de contar. Também ia refletindo sobre o hades que há de abrir assim mesmo de um modo tal poético que há quem nem vá sentir. Só a consciência empalidecer em seu estado de comodidade. Como frutos de fantasias, óbvio. O inusitado e inesperado existe. E continuei caminhando cheguei a sorrir pelo fato de que não se precisa esperar momento algum pra transformar o (meu) mundo num lugar melhor. Ah eu tenho o sossego do passaro que voa na imensidão aprendi cada detalhe das árvores e seus apegos -raizes. No entanto, isso não me prende. Aliás é o que me lança e destronca para longes vistas azuis. Barro e mar. Modelagem dos instantes, sabe. Como cera que derrete na ardência da chama de uma luz. Basta estar aqui a clarear a noite sem lua. A escuridão do silêncio às buscas pelos corpos, destroços e tesouros. Continuei caminhando sem tropeços. Devagar que é meu jeito de fazer as coisas , as contas . Nisso não há erro. E cirúrgico o tempo-ventre é dono da morte e da vida. Da terra que molda e move. Do inferno que se abre aos imbecis. Cruéis. Imprestáveis e injustos.
Alessandra Espínola
Rio de Janeiro, primeiro de novembro de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário