segunda-feira, 4 de março de 2024

...dá-me o teu tempo comigo, comunga de teu fluxo, de tuas dores, traumas, belezas, virtudes, caminhemos o caminho, o passo sem pressa, sem nem adiantar nem atrasar, em tempo: estamos no tempo certo.

Alessandra Espínola

Rio de Janeiro, março de 2024.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

 Dos Pequenos Poemas antigos

lâminas

explodem na mente

são poemas plutões

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 há dias em que só

se quer uma mão

tocando na outra

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é com estranheza 

que habito o mundo

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a ponte pulou de mim

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a língua  é uma ilha em chamas

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ando muito no avesso

escrevo e ponho no verso

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além de carnívora 

também não sou flor 

que se cheire

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vida é escambo e o escambau

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o corpo é fazedor, a mente é sabedora do fazer

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é noite - volto para casa

com a colheita -

a lâmbida de um cão

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Rio Nunes 

 atravessa a praça

e brinca (com a solidão) das crianças

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gaivotas, barcos

pontes, nuvens

aquarelam a Guanabara

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domingo de sol

quarando a saudade

no quintal

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outono

domingo de chuva

janela baça

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chuva fria 

dorme na cama

gata de rua

**

tarde de chuva

outono cinza 

silêncio no céu

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chove... no telhado

balde d'água 

no meio da sala

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no caminho 

esses crisântêmos

lembro-me de ti

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jardineiro e o menino

na manhã ensolarada

cultivam alegrias 

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menino ao leo subia 

na banca de jornal 

anunciava as palavras ao vento

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vento de outono 

traz o pombo à janela

cisco no olho

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já desbotam as folhas

da antiga amendoeira  

e caem sobre a mulher -sozinha

**

palavras pó 

punhado de cinzas

que o vento leva 

(somos todos isso)

**

o tempo:

voa veloz a noite

em nós.

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praia deserta

só o pôr do sol

é certo.

**

noites em claro

nunca foram

tão escuras

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o mundo desaba

e nada muda

na face de buda

(mas o caebelo tá em pé - contém ironia/ humor!)

**

na janela

floração de buquê

rosa amarela 

**

lua cheia

vestida de nuvens

me roseia

**

barquinhos de papel

nuvens navegam

na superficie do céu

**

gotas de luz:

desfilam  garças

ao pôr do sol na praça

 

Alessandra Espínola

sábado, 17 de fevereiro de 2024

para Ludwig Ferreira:


caiu a chuva

sobre ipê roxo na calçada

lágrima em correnteza

***

ipê roxo

a lembrança do cuidado da mãe

 aflora (em seu mundo a fora)

***

florido ipê roxo

diante da casa 

tombado pelo tempo

***

ipê roxo

em frente à casa do menino 

beleza e mistério

***

casa encantada

floração ipê roxo

tudo se renova

(e se transforma) num tapete roxo voa_dor.


Rio, verão de 2024.

Alessandra Espínola

para Ludwig Ferreira

 

 poemas curtos:


a mãe e o menino 

diante do ipê roxo

são frutos da casa

***

ipê roxo 

na frente da casa

tomba no tempo

***

tapete rosado do ipê-roxo

estendido diante da casa

mãe e filho atravessam o tempo.

 

Rio, verão de 2024.

Alessandra Espínola

 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

 Diário:

com as chuvas as emoções fluem como rosas lótus na superfície de todas as torrentes, como dois pássaros no céu azul e branco, livres e leves. acimas das nuvens densas, que existem. o sol no coração da gente, a brisa tocando a face, o olhar afetuoso leve que afaga e conforta e refresca. 

Alessandra Espínola

Rio, janeiro de 2024.


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

 Diário: 

tenho agústias 

como as mangas por explodir

elas racham no fulgor da luz e na queda ao chão

o estouro se ouve até às raízes..

era menina e já as sentia mesmo dentro da cas(c)a.

Alessandra Espínola

Rio, janeiro de 2024.


sábado, 6 de janeiro de 2024

 diário:

...no quartinho, a noite corre como uma fonte d'água, corrente, suave, sinuosa. o barulho das mãos d'agua nas pedras são como quem acaricia um torso teso, rígido antigo. o chão silencioso me abraça. a casa-pele brota uma flor na borda do rio. 

Alessnadra Espinola

Rio, janeiro de 2024.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

 Diário:

último por do sol , a secura das árvores e o desprendimento de todas as raízes. o vastso fio de sol

atrás das nuvens, por entre casas, no ato íntimo do tempo, as estradas em oferta, no último álamo do olhar.

paz, eu indo embora. ida. passada, jaz, e já depois de dissolvido tempo em pó e cinza já nem serei memória.

Rio, janeiro de 2024.

Alessandra Espínola

...dá-me o teu tempo comigo, comunga de teu fluxo, de tuas dores, traumas, belezas, virtudes, caminhemos o caminho, o passo sem pressa, sem ...