Diário com poesia e contemplação:
há uma floração de lixo nas ruas
há uma decantação de corpos nos becos
as esquinas salpicadas de cacos, ecos, estopos de sons, sangrias e sacolejos escrotos entre pernas
o som de garrafas alcoólicas rolando no asfalto ensebado já
a noite não dorme, a lua se inquieta alta, soberana no escuro, cheia, ilumina o fundo coletivo
serpente bilingue, escultura de prata, tradutora poliglota, lustre exigente, clarea difusamente, a outra face oculta
que não fosse o silêncio, a palavra , o gesto artístico das mãos e o ver, seria de impossível decifração.
Alessandra Espínola
Rio, inverno forte, 2024.
Nenhum comentário:
Postar um comentário