segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Março, 2021.

 Porque a rosa é um gesto. 

Não há nada que impeça a flor de ser flor.  Que floresça na primavera o que há de florescer. Os inícios são sempre resultados tb de fins.  Seja qual flor. E o que vier eu topo. Sou do tipo que subiu a montanha e sabe a vertigem do topo. Daquele topo que é só meu. Porque pode não ser o seu. Nada é pequeno quando a alma é o Todo.

Vem , nova vida , novo começo com todos os requebrantes desafios. Sou bruta flor cada dia. E meus espinhos são às avessas. 💜☕

Alessandra Espinola 

Rio, março de 2021.

Marco, 2021.

 Todos os dias no caminho me encontram as pequenas coisas. A florzinha no meio do mato. No asfalto, no meio fio. As miudezas me fazem faltam. Eu as preenchi com meu olhar. Não há vazio que eu não transborde. Tenho saudades da terra e foi tanta falta de chão que desabotoei minha sandália e fui de pé em pé num caminho sem vidros sem óleos sem lixos que andei descalça um trechinho só.  Como quem se despe para a vida que todo dia se desvela pra mim e me chama em silêncio de luz, cor e caminho para algo maior, desse jeito mesmo, no menor dos detalhes, quase invisível aos olhos , sim a vida me poesia todo dia a alma. E eu não tô nem aí se quando vejo a natrueza é nela que me sou. E me desbordo. É ela que muito sou. Crua. Simples e perene.

Alessandra Espinola 

Rio, março de 2021.

Maio , 2021.

 O espírito da terra desperto. A criatura e o olhar do criador são o todo uma coisa una. O ventre recebendo o som do silêncio a esfera elíptica luminosa do Espírito. A brisa tocando o cálice da sensibilidade. Estar na pele do inacessível.  As partes que não se vêem costumam estar inteiras ali no instante em que se respira e contempla, no instante de todo tempo mutável . Tudo em seu desenvolvimento mais amplo há de se morrer inteiramente para que a cada semente tb plenamente renasça e cresça por dentro o que haverá de ser compartilhado pra fora e com todos. A vida em seus mistérios tem a simplicidade e força de chuva e chão e o sonho em direção ao céu. Cultivado diariamente num trabalho incansável de quem sabe o trocar de peles e o deitar à fonte inesgotável da vida.  O fogo é a flor no coração do ventre onde se encineram as memórias e as curas de todos aqueles que brotam na lembrança de um novo membro que nasce.  A paz se deita no verde e a chuva rega de esperança um novo tempo de recomeços e renascimentos de tudo o que se gestava e esperava para nascer. Bom dia pra voce também!

Alessandra Espinola.

Agosto, 2020.

 Atravessar o próprio corpo. Como um rasgar -se, laminar o peito, Ir às vias de fato de meu labirinto. O submundo q ha em mim. Desativar as bombas e respirar toda pólvora do paiol. Acender a chama e atear fogo. Consumir-se de uma vez. Assim sou. Luz e sombra. Luz demais em minha própria escuridão lodosa e movediça.. secar até o pó dos séculos.  Amém.  Não há demônio pior que eu. Meu peito aberto de sol e meu olhar de lua mas ascendo é no topo do Coração! Alcanço o centro de mim e me ponho de pé e cabeça no horizonte que me levanta em estado de fiel da balança.  Eis minha galáxia!

Alessandra Espínola 

Rio, agosto de 2020.

Agosto, 2020.

 Aprendo o caos. Apreendo muito a parte sensível de cada ser. De cada rompimento. Dos cortes abruptos sem anestesia. Das partidas sem adeus. De tudo o que me penetra inda que indo e findo, tudo que toca e cava, desenterra da cova (o som d')a flauta. Concedo e permito à alma a transformação pelo afeto, pelo fundo, pela raiz, pelo fio do labirinto de creta, pelo desmanche do feto, pelo labor ad eternum , pela bolsa escrotal e pelos berço uteral e pelos umbigos enterrados e pelas bacias de sangue e gene, pelos brancos panos molhados da loucura, apreendo as ervas e o fumo e o sal. Aprendo pela dor e pelo amor e por todas as tentativas de dizer e pelo não dito...aprendo.

O caos me ensina novas maneiras de ser-estar no mundo. Um estado camaleonico de deserto.

Rio, agosto de 2020.

Alessandra Espínola

Agosto, 2020.

 O não poético também habita o meu coração. O não poético me tece partes do todo. Partícipe de alinhavos do grande caos onde volta e meia a vida me põe a brincar e aprender de cai não cai. O caos me revela renascida. Rediviva de tempos em tempos as asas se levantam das cinzas. Sou só vôo solo...

Alessandra Espínola 

Rio, Agosto de 2020.

Agosto, 2020.

 O não poético também habita o meu coração. O não poético me tece partes do todo. Partícipe de alinhavos do grande caos onde volta e meia a vida me põe a brincar e aprender de cai não cai. O caos me revela renascida. Rediviva de tempos em tempos as asas se levantam das cinzas. Sou só vôo solo...

Alessandra Espínola 

Rio, Agosto de 2020.

Agosto, 2020.

Quando era "petite " (gosto dessa palavra petite pq me lembra apetite), eu trabalhava com pai quebrando pedras e às  vezes eu cansava do martelo e das outras ferramentas que usava que esqueci os nomes, era um martelao com ferro quadrado grande na ponta, sabe, aquilo pesa viu! E daí que eu pegava outra pedra e batia numa outra pedra. Era assim pedra com pedra se chocando, era um outro som que fazia quando era martelo , pedra com pedra parecia que tinha agua ou ar dentro , sabe? e tinha uma coisa que nunca mais eu esqueço na vida...e que eu tinha era muito gosto ! Era ver aquelas faíscas de luzes e fogo saindo do choque das pedras. Pois eu não sabia que ia acontecer aquilo.  Não foi pra fazer aquela coisa bonita sair assim e aparecer nos ares que eu quebrava pedra... tanto que tinha umas pedras que eu punha na boca... ficava chupando de fome.. salivando . Quando eu tirava da boca a pedra toda lisinha e limada. A pedra-polvora-bala dinamite que saía de dentro de mim. Eu acho que eu paria bebês de pedra. Ou então que era. Pepitas de diamantes e rubis. Jazidas... Vai vendo Felix! Eu canto a pedra desde petite...era mesmo assim desde os 5 anos. E eu levava café pro pai. E desde sempre tb que tenho gosto por café.  A mãe preparava. E eu ficava lá sentada numa pedra maior quebrando outras pedras e tantas. À  frente num morro tinha uma pedreira que explodia tudo. Era mais fácil e eu tinha sonho de ir lá.  E só ouvia os estrondos. E achava tudo aquilo bonito e o pai ali suado e eu descabelada e sem banho. E era bom. E tantas cores as pedras. E eu não entendia pq quebrar pedra se o mundo levou tanto tempo pra juntar. Se tudo era grande pq devia deixar pequeno. O pai dizia que era pra fazer casa. Tudo ele colocava e misturava pedras. E ficava tudo forte. Era pedra pra tudo que era lado. E tinha tanto bicho .. tanto que eu era picada de monte de pequemos venenos e eu acho que pai me punha ali pra eu pensar que brincava de menina-lagarto e fazer salamandrices. Mas só que não.  Era fogo! 

Alessandra Espínola 
Rio, agosto de 2020.

Agosto 2020.

 As vezes, evito escrever coisinhas aqui no "feedboock" q é pra num chocar tanto. Que choque ninguém gosta né. Pq eu num dou aqueles choques de 110 w não.  Pq esses tu fica agarrado e não sai do lugar que nem pisca. Parece que tá tomando eletrochoque no hospício.  Já levou choquinho de louco? Pq ainda tem viu! Gosto de dar aqueles de, no minimo, 220 w que é pra tu tomar um bem eletrizante e ir parar longe  (pq é pra frente q se anda e dançar bonito na vida) e acordar. Pq aqui na maioria " das vez" é só choquinho tipo cócegas.  Paralizante. Tipo treinamento. Q o povo dá. Pimenta no spary. Tem graça??!!

Eu hen. 

"Tô me preparando pra quando o carnaval chegar" nos 220w. Refrescancia no cocoruto vai ser.

*trecho curto da música do  chico b.

Alessandra Espínola 

Rio, agosto de 2020.

Agosto, 2020.

 Lua cheia.  Eclipse. É bom que já estou entrando nas minhas sombras. E mergulharei na escuridade de minha noite. Aprofundar a noturnez dos maremotos. A esquivança da claridade. E alinhada e imparcial encarar minha própria escuridão. Dançar  tempestuosos fluídos líquidos. Cobrir o verso da lua. Abrir o avesso até dar a luz.  E parir uma nova fase.  Um novo céu.  Um novo dia. Renascida do caos e do noturno eclipse. Expor-me a mim mesma,  minha nudez total. 

Alessandra Espinola

Agosto, 2020.

 Me impressiona quando me olho no espelho. 

Tudo é uma síntese - sem fim. O dia me atravessa como um gato que passa em meu caminho.  Sutil desperto ágil e sereno.  O dia se move como um haicai no galho da árvore.  Se equilibra entre objetividade e leveza na ponta bem lá em cima da copa do abacateiro. E no outro lado se equilibra um passarinho com seu vôo parado bicando a água com açúcar na janela do vizinho que ele colocou pra enfeitar o cortiço. 

E eu me assanho toda quando os morcegos ficam voejando na janela à noite.  Acho graça e beleza. Aqui todos bebem da mesma água. É uma maré de gentes que passa por aqui. Um transito interminável a vida. 

Rio, agosto de 2020.

Alessandra Espínola

Agosto, 2020.

 O milagre acontece nesta noite de domingo : o silêncio aporta no cais. 

As ondas se foram em círculos concêntricos e o espelho das águas me revela que "como é em cima é embaixo".  

A imagem igualzinha refletida no espelho dos olhos sob a suave luz da lua.

É um milagre a paz do silêncio neste antigo cortiço do subúrbio do Rio. Eu que já não esperava uma noite calma nesta altura da vida sou pega de surpresa pela quietude dos séculos. 

Amém 

Alessandra Espínola 

Rio, ago de 2020.

Marco, 2020.

 Fragmentos (escritos da queda de uma folha do galho até o chão.  Enquanto a queda. Reflexão)


Ah se tu soubesses de nuvens. E que já estou nítida no poema e narrei a travessia da lágrima feito pingente pendurado no peito. Me fiz poeta em íntimo gozo das palavras tão chulas tão cruas tão chão. Palavras que casam com boca. Goela. E gutura. Tu criança, brincava nos arco íris perecíveis do tempo.  Demorei me terrena. E na volúpia da pena cavalgo o dorso da morte como fazem os homens sobre seus cavalos e no mais veloz galope encerro o ciclo das mulheres fortes que habitavam o Tejo o pegajoso brejo o terreiro e os quintais. Desprendo-me da tripa de vida e uno me ao mosaico de Lua e Sol.

*

A solidão é tanta que ando falando com robôs. E os extras.

*

Reconhecer no dia 

 azul

 sol

 céu 

 chão 

 e o lixo espalhado

 nas ruas

*

Respirar as manhãs 

Com toda a vontade de sumir.

Ficar.

*

No banco da praça 

O sol e a certeza do incerto. abismo . nada .

*

Verdade seja dita.

Eu não minto. 

Sou o que não se pode acreditar  

*

As vezes é sem querer que a gente se esbarra.

*

Sonhei. E não tive dúvida que tudo era realidade. 

*

A verdade 

Sobre a mesa

Feito uma adaga

*

Danço com o desconhecido. 

E amo. E ele me conduz nessa dança linda da vida.

*

E eu vou dançar até quando deus quiser.

*

Quem finge demência é porque é demente. 

*

chuva de outono

manhã

de calmaria 

*

asas molhadas

chuva de outono

pousa na janela

*

a noite desce -

manto de seda e sereno

*

O verdadeiro amor e coragem é mudar a si próprio. 

*

Quando se tem amor se chega em qualquer lugar. 

*

As vezes vejo as pessoas de máscara e lembro do filme 

"o silencio dos inocentes". 

Que deus nos sacuda! *

(Guimaraes Rosa)*

*

ouço crianças 

na tarde 

Luz entra pela janela

E põe em negrito os títulos dos livros na estante.

*

Da minha janela

Vejo várias janelas

E um céu aberto

*

O sol vai se pondo

como condor

Indo além

*

Poeira deixa oco no ar. 

*

Sempre tem uma goteira

Sempre tem um buraco

Sempre uma lâmpada queimada

Sempre tem uma casa

Muito engraçada. 


Rio , março de 2020. 

Alessandra Espínola

Agosto, 2021.

 26 de agosto se 2021. Rio de Janeiro. 

Agosto é silencioso como o agasalhar de jornais o fruto o grito o urro.  Encalda-lo. Sempre tem essa  véspera de morrimentos. Começou cedo isso,  lá atrás com a vovó.  Foi se morrendo uma por uma , aos poucos... depois outra e mais outra e ainda outra depois. Ensinamentos de morrer.  Ir. Partir.  

Sim, aprender a chegar. Ficar. Pôr em banho em maria e espera, sim!?

O sol já vem chegando.  Mais cedo e esperto nas latrinas da cidade.  Ah eu quis dizer vitrais da cidade. Tudo brilha e tem furta cor. É só olhar com mais atenção que tu vê. 

Como a capa das asas das moscas verdes.  As casas recendem a poeira de antigos gestos.  A mancha na parede das mãos.  Das costas das cabeças encostadas.  A sombra nos espreita alerta... é dia ! Nos relembra a luz na fresta da porta de vidro quebrado. Um pássaro insinua uma salsa sobre o galho de romã.  Por vezes, a vida não tem a coerência e a linearidade que insiste o glossário do tempo de vida descendo ladeira abaixo. 

Alessandra Espínola 

Rio, inverno de 2021.

Agosto, 2021

 25 de agosto de 2021.

Rio de Janeiro. 

Acordei cedo. Estava mal disposta. Coloquei algumas palavras na boca pra despertar e me sentir melhor. Esperei o tempo dos vocábulos se desmancharem na língua.  E , surtir efeito. 

Levantei pastosa e efêmera.  Volátil como a lua.  Cheia de orvalho como as folhas das plantas na varanda. 

Alessandra Espínola 

Rio, inverno de 2021.

...dá-me o teu tempo comigo, comunga de teu fluxo, de tuas dores, traumas, belezas, virtudes, caminhemos o caminho, o passo sem pressa, sem ...