terça-feira, 26 de maio de 2020

Somente os gatos podem encerrar os pássaros entre os dentes.  Assim , me sinto com as asas da vida se debatendo dentro da boca, à goela, na beira abissal do estômago.

Rio, abril de 2019.
Alessandra Espínola
Eu canto pássaros e a noite se recolhe em meu seio . Quando se põe o sol em minha boca o mar espuma silêncios. Algas e conchas reaparecem na areia pela manhã.  A pedra azul imperturbável rumo ao céu.
Do que estou falando, afinal? Escrevo como que apenas chovesse.  Como se a névoa fosse eu. E como brasa que arde e crepita e como fogo porque é da natureza do fogo queimar.
Escrevo. Porque é do amor se dar. Inesgotavelmente, amar.

Rio, junhode 2019.
Alessandra Espínola
Como dizer corpo?
Como dizer que é o corpo.

É a questão do corpo. É intrigante. O corpo ser. O corpo da linguagem.  O corpo da mulher.  O corpo do homem. O corpo nu. O corpo... corpo é luz e forma infinita... que (de algum modo) nunca se acaba. Corpo cabeça- cabaça. Está sempre em acabamento.. oca modelagem.  Escrituração.  Transformação.  O corpo do todo (agua. Sal. Planta. Bicho. Pedra. Flor. Fogo. Ar. Cor. Palavra. Humano corpo. Corpo criança.  Corpo louco. O corpo sabe, expressa da maneira que consegue as angústias, faltas, solidão, imensidão, incompletude abissal, corp é deus. Corpo é criador. Criatura e criação. Corpo parideiro. Corpo carne, osso, medula, medusa, ômega, campanário, alcova. O corpo da natureza nascendo em mim em você.  Corpo nascedouro.  Corpo crepúsculo. Corpo lusco fusco. Fátuo.  Farto. Corpo altar. Corpo pássaro, corpo fruto - pêssego e cavalo . Corpo sentido e dimensão. Corpo Cósmico. Corpo de dar em doido. De dar em água. Corpo de redemoinhos e devastação.  Corpo mar. Corpo rio. Corpo   barrento movediço estrumal. Corpo lamaçal.  Corpo de desejo ex_põe como pode, como consegue . Corpo poros , corpo povos. Corpo é muita gente. É muito grão, cinza e semente.
Corpo é cântaro e cântico.  Corpo benzedeiro. Corpo abraço, teia, rede, trama, alguidar, corpo sol de seda e feixe de luar.

...Continuando...

Corpo

Corpo casa. Corpo aldeia. Tenda. Vôo de anos luz de asa.
Zamzibar. Corpo astar. Asteróide.  Satélite.  Corpo lar.
Corpo aqui. Corpo agora. Corpo outrora.  Corpo ali, lá acolá.  Corpo quimera.  Cabeça e pé - corpo no meio . Corpo no veio da esfera. Corpo  insular. Corpo de ilhas, magma, ovo, corpo vulvânico de geometrias. Corpo tempo estelar.

 Corpo continente, cordilheira, corredeira, leito, leite , mel, alecrim, corpo espada, punhal, corpo de sabre, corpo que se sabe , passagem, amplitude , golfo golfinho, corpo braço de mar. Corpo arquipélago, corpo ama, corpo arma, corpo amaranto , salsa parrilha, corpo sul norte nordeste.. corpo caminho dos ventos.  Roteiro de águas.  Edição epístolar. Índice de vida. História celular. Corpo dos infernos.  Diabo! Corpo Corpo sertão.... seca. Que vira e Virá a_mar! Corpo áureo, corpo só. Corpo são.  Corpo somos. Corpo soma. Corpo de cortes e findos.  Fundos. Fundilhos. Corpo montanhez,  Cais. Margem. Ribanceira.  Queda d'água.  Corpo quenion. Corpo barco e naufrágio. Remos e mãos.  Corpo.. Corpo... corpo... cor! Porto!

 Corpo chão.  Corpo torpor. Ardor. Corpo frevo. Corpo menta. Pimenta. Régia Vitória. Corpo calendário, alfabetario, alfandegário, corpo escapulario. Corpo rendeiro fiandeiro, Corpo  tecelão.  Corpo linha linhagem linguagem. Corpo pó, pólen, som... corporizasom!

Corpo cubo, corpo polifônico , corpo castanholas , um harpario de cordas! Corpo umbigo cordão. Cor ação!
Corpo dos ventres. Topografia e ontologia. Mitologia de mundo de nós.  Corpo a sós. Como que nunca é só.  Corpo colméia, alcatéia , corpo galacteo da galacteia.
Corpo sulfúrico, enxofrado e boticário.  Corpo ... esse troço trincado e troncho na corda bamba da gravidade.  Corpo grávido, corpo festa , incensario. Corpo ritos e paragens. Corpo tabuleiro de peças.  Corpo incendiário de inventos e novas constelações. 
Corpo inventário... (?) Corpo ósculo demoníaco amoníaco humano. Corpo claustro, casto e serpentário. Corpo antro, logus, híbrido, cáustico.  Corpunculo de nada. Foz e lava. Crisálida flor dancarina de lagarta. Corpo movente de eras e hades. Corpo é  céu imantado de poeira e gases. Copo livro. Corpo livre. Corpo tu_do. Corpo eu toda. Corpo. Corpo...Corpo... Corpo barbutina , tabatinga, Goitacazes. Brumadinho.   Corpo- cidade. Sítio.  Lugarejo. Corpo viagem.  Corpo cigano, corpo botânico, herbário. Corpo templário.   Corpo sim! Corpo de veia e voz. Corpo tantra um tanto se gente assim... corpo carta. Corpo carta  dificil do caralho. Figurinha rara do baralho. Corpo bufê.  Cristaleira. Antiquário.  Corpo  enigma. Esfinge que se devora e agarra. Afaga. Corpo é  entranha e garra. Corpo salta , subtrai, amálgama, atravessa, permeia, irmana.
Corpo caxixi, cariri, tapajo, aluviá , corpo é afojuba!
 Corpo núcleo-caos, salamandra,
...
 Pausa
...
Corpo é pausa.  Pisadura. Ligadura.  Encrenca. Crença. Pensamento. Orgia de sensações e fascínio facínora. Incontrolável _mente fluxo. Refluxo. Calor queimadura. Corpo é tranco tronco desmembrado.  Colapso. Enrosco. Roedura de traça.  Corpo é Aleluia. Estado de graça!

 Corpo é silêncio e paz.

Alessandra Espínola 
Junho/2019.
Coisas de corpo e barro.
As fotografias da infância na estante. Amparadas pelas prateleiras do tempo e uma luz do poste que atravessa a vidraça da janela do quarto. Eu no meio.

Rio, maio. 2020
Alessandra Espínola
As vozes na rua embaixo da janela do quartinho... Embalam meu sono em outras histórias. A noite me cobre de gentes.

Rio, maio. 2020
Alessandra Espínola
Sinto me consternada demais hoje. Febril.
De repente, é so cansaço. E pra cansaços. Descansos de mim.

Rio, maio. 2020
Alessandra Espínola
Eu pensei gerberas, lírios e murtas.
Não ando gostando nada disso - de não ter palavras. Deste silêncio. Desta boca fechada. Desse jeito mudo. Sem fala.
Uma água que corre... corre... em desperdício.

Rio, maio. 2020.
Alessandra Espínola
Uma dor atravessa meu peito. Me engole ponta e cabeça.  Feito focinho e rabo. Me morde. Me engole. Um silêncio. Um fosso de hades. Um corpo, um corpo... sensação de nada ser.

Rio, maio. 2020.
Alessandra Espínola
Eu sei que tem morrimentos em mim. Eu sei que tem menstruação ida. Eu sinto o corpo cansado pesado colado a terra úmida fria salobra.  Eu ando cansada sem um abraço. Aí eu penso: quer matar o ser humano mais rapido é isolar. Ou definhar logo uma criatura é acabar com as possibilidades de encontro. Cansaço. Essa noite escolho ficar. Forjando o ato de morrer dormindo e descansando, apenas. Em maio , sempre as folhas caem. Sempre.

Rio, maio. 2020.
Alessandra Espínola
A noite se demora. Sem lua sol nem estrelas. É escuridão. Os astros devorados todos. Eu tô cansada. Porque toda vez que se fala em sexo é porque há alguma força pra viver.  E eu não tô vendo graça em re_nascer. Mas eu tenho umas mulheres que me dão as mãos, eu sei eu sinto, uns homens de desejo infindo. Eu sei. Eu sinto.  E sorrio com aquele mesmo sorriso da infância meio amarelado de tempo passado. Amanhece eu sei. Eu sinto. E um largo Sol na testa há de me escancarar o novo raiar do dia.

Rio, maio. 2020.
Alessandra Espínola
Sinto como se me tivesse cortado ao meio. Corpo de presságios. E abismos. Costurar vazios no meio do nada do caos da ilusão. Nem um outro bicho faz isso senão eu tu nós. Humanos nós.

Rio, maio. 2020.
Alessandra Espínola
É ausência de mim. Ver -me sombra sem o ser.
Coisa esquisita isso. Procurar as partes de si. Compor-se.  Cabeça tronco e membro. Coisa esquisita isso de não ter nem luz nem sombra na escuridão. A noite é longa. Maio me espera. Vou nascer em junho.
Rio, maio. 2020.

Nostalgia caindo sobre mim com seus lençóis noturnos.
Silêncio me conduz como quem atravessa com carontes as águas nebulosas desse tempo tão abatido. É lento o mover ... meu corpo pesado. O sopro frio cortante às minhas costas. A dor fina me tangendo os ossos até o fundo da alma.
Não reclamo. Nem elogio. Ouço o ranger do barco. Escuto os gemidos. Navego sobre o som movente das águas .

Rio, maio. 2030.
Alessandra Espínola
Tenho apreciado o cheiro do refogado do arroz da casa vizinha. O cheiro do peixe frito e temperado. Tenho apreciado os sons das casas. Crianças brincando. Pessoas andando. Objetos que caem. Vidro quebrando. Água escorrendo. Risos na ruas. Vozes bêbadas.  Músicas tocando longe em algum boteco. Portas batendo pelo toque do vento. Janelas tilintando à noite. Móveis estalam no silêncio. Miados de gatos. Talheres se chocando no prato. Taco de sinuca batendo na bola de bilhar. Vozes. Som de carro passando. Buzina de motos. Bola de bilhar de novo o taco o carro o gato os talheres vozes música motores água escorrendo portas batendo crianças... torvelinho do tempo. Vertigem.  A luz pisca querendo apagar. Luz. A música longe batendo na bola de bilhar . Taco batendo nos motores. Talheres miando. Buzina batendo. Porta tocando.  Vozes estalam e os móveis na rua gritam... vertigem.  O taco de sinuca na bilha de bolar. Passos no teto. Ja sou velha mas a noite silenciosa aprecia em mim a possibilidade de berço.

Rio, maio de 2020.
Alessandra Espínola
Tenho uma saudade de olhar para você. Sua imagem me fotografa nalgum tempo. Ver tua alma no olhar que sorri.  Não sei como dizer. Dá um gosto! Sinto saudades de olhar seu rosto assim como quem tomavamos café e a toalha sobre a mesa e seu sorriso saindo de mãos dadas com pensamentos. Perspicácia, sabedoria, poesia, arte, o tempo e a ruga, a profundidade de olhar o mundo do alto sem altivez. Sinto uma saudade de estar perto de ti. Um afeto que me veste, que me gesta de novo. Dá me teu olhar assim liberto. Faceira tua face. E essa esperança que se move nas coisas vivas. ⚘

Rio, maio. 2020.
Alessandra Espínola
A fala coloquei no vidro. Virar doce em compota. Meu coração em chama suspenso no ar. Guirlanda de sinos. Em dias de outono tudo fica suave. Nunca achei normal as coisas. Tanto que agora na 40tena  me parece que houve diferença nem uma. Acho até que a diferença tá nos agravamento das coisas pesadas.

Alessandra Espínola
Rj ,maio. 2020
IV - Canções de Outono

Eu estou cansada do tempo.  Perdi todas as definições.  Todas as certezas. Todas as dúvidas.  Perdi os sentidos de todas essas coisas que queremos dizer com nomes. Há uma altura da montanha que apenas olhamos e respiramos e continuamos. Perdi a conta dos dados. E meus dedos  buscam em vão no ar tocar a tua face. A distância nos plange e nos vela em meio a um tempo ameaçador de finados. Porém vivemos e sobrevivemos a essa noite funda que pesa sobre nós.  E sorrimos em respiro no auge do naufrágio. 
Você é lindo e ama o amor em semente. Só posso lhe dar essa fímbria de Sol e esse fio d'água.  Terra barro pedra e fogo que nos forja e arde e não se vê. 

Alessandra Espínola
Rio, maio de 2020.
III- Canções de Outono

Se teus olhos doces me aparecem na fúria  eu largaria o fósforo, a faca e a armadura. Por um instante eu deixaria o inferno e o caos. Mergulhados nos teus infindos teares. Eu amaria em paz.

Rio, maio de 2020.
Alessandra Espínola
II- Canções de Outono

Eu leria tuas digitais.  Na ponta da língua aprenderia teus códigos todos. Teus dedos digitando palavras secretas em meu pergaminho.  Guardaria qual tesouro dentro de minhas pequenas gavetas. A noite recordaria a minha cabeceira tuas palavras no meu peito  sob uma luz suave de lua outonal.

Alessandra Espínola
Rio de Janeiro, maio de 2020.
I - canções de outono

Vereda de sol e vento. As folhas aqui acariciam o chão ermo.  Tocam o bruto existir com delicadeza sutil  e cobrem a terra com um macio de cores. O som das folhas lembram os antigos discos de vinil tocando na vitrola. O sol acalenta a triste solidão e uma nesga de lágrima rola na pele seca da face do dia. É dia ainda em nós.  Entre nós essa luz nos aproxima e dá à distância um momento de paz e nos lembra que tudo é  vida . Tudo : mesmo as coisas  insólitas ,passageiras e voláteis.  Tudo : mesmo as coisas que perduram, transitam e penetram.
Tudo é vida: mesmo as coisas vazias dentro. Como útero que não pariu. Tudo é vida: como o coração que se de_bate em amor.

Alessandra Espínola
Rio de Janeiro, maio  de 2020.
O cheiro do refogado do feijão cozido que vem da casa da vizinha e a galinha frita temperada perfumam a tarde de afeto e uma essência de lar caloroso.

Em frente a minha janela, na calçada, homens se aglutinam e carregam móveis em uma mudança de familia da casa  à frente. 

Um homem pende a cabeça, bêbado e solitário, sentado na cadeira de um boteco ao lado. Soube que ele havia desmaiado fim de semana quando ia ao trabalho.

Minha gata dorme aconchegada numa manta rosa que ganhei de uma amiga do trabalho.

A luz do outono me entra bem pelos olhos. Eu sinto que fico bem melhor nessas suavidades porque sou delicada.

A tardinha é quando os cães ficam no peitoral das janelas e olham a rua de seus apartamentos.

No outono o sol vem de lado, assim inclinado como um ramo de trigo. Um fio de luz costurando a tarde. Quando chegar a noite vai aparecer aquele azul marinho do fundo do céu.

Procuro me desatender de tragédias. Elas acontecem nos trânsitos da vida. Mas meu pensamento e meu olhar são para o exato instante em que escrevo e tem toda a questão da beleza explodindo diante de mim acontecendo agora em meio ao desmoranamento das coisas.

Às vezes eu me planto é  de cabeça pra baixo.

Rio, maio de 2020.
Alessandra Espínola
Existem coisas nas quais eu penso que falei mas não.  Estão como fotografias na minha cabeça.  Meu olhar capta todas as nuances e as palavras saem como aqueles matinhos beirando paredes altas ou nos musgos do meio fio.

A manhã se desenrola calma e uma caneca ressaltou a lembrança quente de minha mãe quando todos os dias tomavamos café juntas antes de eu ir para o trabalho. Ela cega fazia questão de fazer o café e todas as outras coisas na cozinha. Usava faca com maestria e dizia para eu ter cuidado porque estava amolada.

Mas o presente de hoje é toda herança que trago das mulheres de minha familia. Trago em mim os traços da bisa avó mãe tias primas. Ainda que na distância geográfica. E por isso mesmo recolho a história nas manhãs brotadas de silêncio entre as gelosias.

Rio, maio de 2020.
Alessandra Espínola
Terceiro dia noturno:

Abrir a janela e dar luzes a todas as estrelas penduradas no teto. Lustres celestes. Consagrar a lua na casa da noite. Acender olhos de gatos farol furta cor. Desvelar a dor. No tato. Mexer no barro noturno livremente como morcego que sobrevoa o som. Sonhar bem debaixo do nariz. Dar fôlego ao peito e passo ao caminho. Tramar a rede de retalhos e um corcel de peixes. Parir cardumes de ondas no mar. Ventar suavemente o veleiro. Ultrapassar a margem e revolver o rio ser leito. Luar embarcado nos olhos. Nuvens neon. Num pedaço de espelho ver me a olho nu. Pretéritos e futuros se habitam em lampejos num dejavu. Abrigo de ser clandestino no peito.

Alessandra Espinola
Diário de Cartas 2:
*
Sabe que de melhor hoje foi você o que ocorreu. O campo verde de terra estrangeiro meio familiar se confunde e se mistura com o azul de um mar inteiro a caber nos teus olhos. Como quem voa de cabeça para baixo. A noite penetrava entre nós e eu colhia de tua face os escritos do tempo. Raízes. O tempo esteve o tempo todo em nós.  Que quando soava a pergunta onde você estava, eu em silêncio sempre respondia apenas sendo. Cigana. Canina. Menina. Raposa. Volátil. Escorregadia.  Distraída. Mulher... Impossível até de mim. Impossível o encontro. O lance do olhar capaz de acolher. Cadê? Perdemos será? Qual perdas no tempo. Os caminhos se bifurcam num virar de esquina e já vamos longe...distantes. Com o desejo primitivo voraz de se dar.
Eu alisava à palma das mãos o teu rosto com gosto como se logo me dissesse adeus. Sabíamos. O gosto que fica. Doce absinto o luar. Li a tua história no aberto livro do teu peito.Como braile lia teu corpo-alma  desnudado. Meus lábios colhendo teus frutos a flor a pele o lábio a língua carinhosamente espancando músculos. Teus nervos em desassossego me tremiam no fundo de um beco. No porão do tempo o futuro se impôs num presente surpresa. E você de repente era tudo o que sempre quis.
Um beijo!
Alessandra Espínola

...dá-me o teu tempo comigo, comunga de teu fluxo, de tuas dores, traumas, belezas, virtudes, caminhemos o caminho, o passo sem pressa, sem ...