"Minha alma canta sobre a guanabara"
Foi quando desci. Misturada de mangue e cais de Porto. Sobrevoava ainda os céus além mar e chegando a guanabara penetrem o ventre da terra brasileira carioca. Atravessando a ponte rio-niteroir futura. As águas me eram toda eu. Cresci amolecida. De barro e mar. Mãe vó tias pegavam Caranguejo metendo a mão no fundo. Eu já me revirava no ventre de vovó. Siri na lata imagina só. Pai nos tamancos portugueses fazedor de casa e já escorpião estirava cabeça a me espiar . Picou-me e contenho veneno e antídoto. Voam sobre a guanabara as almas por vir. Atravessam a ponte e mergulham n'agua. Aportam no cais. Acolho na bacia das almas os fetos mortos. Marinheiros a postos navegar! Sim. É noite. E névoa. E muitos navios acenam chegada. De África e a pequena tribo indígena, aldeia deAngola, vem lá. Do Porto. Lisboa. Rússia. E toda mafia. Egito. E toda magia. Peru. Espanha , a ciganagem toda, vem lá. Habitam-me. Abrigam-me. Estão cá comigo.
Braços abertos eu.
Rio de Janeiro, inverno de 2025.
Alessandra Espinola
Nós. Amálgamas dos nossos antepassados. Olhamos o mesmo céu e o mesmo mar, que também são outros. Eles também estão lá. Esperando pelo nosso desembarque.
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