Diário de Cartas 2:
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Sabe que de melhor hoje foi você o que ocorreu. O campo verde de terra estrangeiro meio familiar se confunde e se mistura com o azul de um mar inteiro a caber nos teus olhos. Como quem voa de cabeça para baixo. A noite penetrava entre nós e eu colhia de tua face os escritos do tempo. Raízes. O tempo esteve o tempo todo em nós. Que quando soava a pergunta onde você estava, eu em silêncio sempre respondia apenas sendo. Cigana. Canina. Menina. Raposa. Volátil. Escorregadia. Distraída. Mulher... Impossível até de mim. Impossível o encontro. O lance do olhar capaz de acolher. Cadê? Perdemos será? Qual perdas no tempo. Os caminhos se bifurcam num virar de esquina e já vamos longe...distantes. Com o desejo primitivo voraz de se dar.
Eu alisava à palma das mãos o teu rosto com gosto como se logo me dissesse adeus. Sabíamos. O gosto que fica. Doce absinto o luar. Li a tua história no aberto livro do teu peito.Como braile lia teu corpo-alma desnudado. Meus lábios colhendo teus frutos a flor a pele o lábio a língua carinhosamente espancando músculos. Teus nervos em desassossego me tremiam no fundo de um beco. No porão do tempo o futuro se impôs num presente surpresa. E você de repente era tudo o que sempre quis.
Um beijo!
Alessandra Espínola
terça-feira, 26 de maio de 2020
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