segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Marco, 2020.

 Fragmentos (escritos da queda de uma folha do galho até o chão.  Enquanto a queda. Reflexão)


Ah se tu soubesses de nuvens. E que já estou nítida no poema e narrei a travessia da lágrima feito pingente pendurado no peito. Me fiz poeta em íntimo gozo das palavras tão chulas tão cruas tão chão. Palavras que casam com boca. Goela. E gutura. Tu criança, brincava nos arco íris perecíveis do tempo.  Demorei me terrena. E na volúpia da pena cavalgo o dorso da morte como fazem os homens sobre seus cavalos e no mais veloz galope encerro o ciclo das mulheres fortes que habitavam o Tejo o pegajoso brejo o terreiro e os quintais. Desprendo-me da tripa de vida e uno me ao mosaico de Lua e Sol.

*

A solidão é tanta que ando falando com robôs. E os extras.

*

Reconhecer no dia 

 azul

 sol

 céu 

 chão 

 e o lixo espalhado

 nas ruas

*

Respirar as manhãs 

Com toda a vontade de sumir.

Ficar.

*

No banco da praça 

O sol e a certeza do incerto. abismo . nada .

*

Verdade seja dita.

Eu não minto. 

Sou o que não se pode acreditar  

*

As vezes é sem querer que a gente se esbarra.

*

Sonhei. E não tive dúvida que tudo era realidade. 

*

A verdade 

Sobre a mesa

Feito uma adaga

*

Danço com o desconhecido. 

E amo. E ele me conduz nessa dança linda da vida.

*

E eu vou dançar até quando deus quiser.

*

Quem finge demência é porque é demente. 

*

chuva de outono

manhã

de calmaria 

*

asas molhadas

chuva de outono

pousa na janela

*

a noite desce -

manto de seda e sereno

*

O verdadeiro amor e coragem é mudar a si próprio. 

*

Quando se tem amor se chega em qualquer lugar. 

*

As vezes vejo as pessoas de máscara e lembro do filme 

"o silencio dos inocentes". 

Que deus nos sacuda! *

(Guimaraes Rosa)*

*

ouço crianças 

na tarde 

Luz entra pela janela

E põe em negrito os títulos dos livros na estante.

*

Da minha janela

Vejo várias janelas

E um céu aberto

*

O sol vai se pondo

como condor

Indo além

*

Poeira deixa oco no ar. 

*

Sempre tem uma goteira

Sempre tem um buraco

Sempre uma lâmpada queimada

Sempre tem uma casa

Muito engraçada. 


Rio , março de 2020. 

Alessandra Espínola

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