domingo, 18 de fevereiro de 2024

 Dos Pequenos Poemas antigos

lâminas

explodem na mente

são poemas plutões

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 há dias em que só

se quer uma mão

tocando na outra

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é com estranheza 

que habito o mundo

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a ponte pulou de mim

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a língua  é uma ilha em chamas

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ando muito no avesso

escrevo e ponho no verso

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além de carnívora 

também não sou flor 

que se cheire

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vida é escambo e o escambau

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o corpo é fazedor, a mente é sabedora do fazer

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é noite - volto para casa

com a colheita -

a lâmbida de um cão

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Rio Nunes 

 atravessa a praça

e brinca (com a solidão) das crianças

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gaivotas, barcos

pontes, nuvens

aquarelam a Guanabara

**

domingo de sol

quarando a saudade

no quintal

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outono

domingo de chuva

janela baça

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chuva fria 

dorme na cama

gata de rua

**

tarde de chuva

outono cinza 

silêncio no céu

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chove... no telhado

balde d'água 

no meio da sala

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no caminho 

esses crisântêmos

lembro-me de ti

**

jardineiro e o menino

na manhã ensolarada

cultivam alegrias 

**

menino ao leo subia 

na banca de jornal 

anunciava as palavras ao vento

**

vento de outono 

traz o pombo à janela

cisco no olho

**

já desbotam as folhas

da antiga amendoeira  

e caem sobre a mulher -sozinha

**

palavras pó 

punhado de cinzas

que o vento leva 

(somos todos isso)

**

o tempo:

voa veloz a noite

em nós.

**

praia deserta

só o pôr do sol

é certo.

**

noites em claro

nunca foram

tão escuras

**

o mundo desaba

e nada muda

na face de buda

(mas o caebelo tá em pé - contém ironia/ humor!)

**

na janela

floração de buquê

rosa amarela 

**

lua cheia

vestida de nuvens

me roseia

**

barquinhos de papel

nuvens navegam

na superficie do céu

**

gotas de luz:

desfilam  garças

ao pôr do sol na praça

 

Alessandra Espínola

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