Dos textos não revisados (como tem sido)
Enquanto lavo a louça.
Estou indo de volta pra casa. Mais merecimento que se tenha de nada adianta. E não me prende. E tá tudo bem. Por que ainda somos mais que isso que temos direito e merecimento. O valor de uma pessoa não se restringe ao merecimento. Um ser está ainda mais amplificado e além que uma ou outra coisa. Porque o valor de um ser é tão alto que não tem coisa ou cifrão que pague. Embora sejam coisas trivias(ou essenciais- basilares) das coisas se necessita pera se viver enquanto corpo é ser no tempo e no espaço e em sociedade. O Rio de Janeiro embora seja uma cidade que eu ame com as entranhas está sempre em movimento de regurgitação, me parindo de tempos em tempos. Uma cidade fantasma. Agradeço a este ventre que me deu a capacidade e habilidades de lidar com o caos e a instabilidade. O ventre e a seiva. O caminho para outras paragens, litorais, e ao estrangeiro. A criatividade a todo vapor. Como força motriz. Todas as ferramentas dispostas. A bancada toda para mim herdada por anos de cuida do serviço e trabalho diário intenso e externo. Contínuo constructo da vida. A grande diferença é que as uso com ética empatia compaixão responsabilidade e prudência que é coisa de dar em doido. Não brinco. Deu-me a chance de errar continuamente em busca de novas soluções e descobertas com feitios de liberdade cuja maioria se ofende e se incomoda os modos novos de olhar e entender e novas perspectivas e pontos de vistas se torna incompreensível. Liberdade não tem fronteiras Tanto que , por exemplo, qualquer pedaço de chão de raiz de tronco de rio de ar de voo de fronteira me sinto como se eu mesma fosse a coisa também tudo isto. É como ser a roda que se move e move o carro no chão e o chão e o vento e o motor e as pedras que voam na tração. Sim ser tudo e o todo. O mundo vê uma pessoa como algo, como um rótulo, como um nome de profissão cargo idade sobrenome número e entendemos ser tudo isto e mais infinitamente mais. Olhar além do que se possa parecer requer ao menos despojamento de si mesmo. Um despir-se. Continuo de peles veus cascos e mascaras. E é preciso coragem para estar diante do outro. Aquele que nos diz tanto sobre nos mesmos.
Em direção ao Sol nascente.
Dos textos de " enquanto lavo a louça "
Rio de Janeiro, primavera de 2020.
Alessandra Espínola
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