outro-retrato: cartografias rasgadas e mapas sem legendas na moldura do quadro dentro do farol, uma rota indefinida sem rumo de uma nave que tem teias e tentáculos a lesmar calendários e intrigar noites sem lua, o olho do outro-retrato me contorna à espuma variante do tempo e me lança no mar com todas as algas e oferendas que lançam na praia para orixás, o outro espelhado na face do céu desce as escadas como se geasse ou se avalanchasse sobre montanhas de sal e pedras, e me engolisse a mim boca faminta que devora enigmas sem respostas com toda gravidade de um ventre brotado de águas rubras, e a seiva marinha perpassasse o bravio das ondas e das conchas úmidas de flores no ventre, o outro-retrato me tece à sombra de jardins com cheiro de terra e chuva onde corre no interior de grandes troncos o sangue antepassado e embriagante de melodias como uma lança que me atravessa as têmporas, lancinante e sem pudor é o silêncio depois dos temporais como a brotação de branduras dentro de arbustos orvalhados da neblina-flor fisgada pelo farol no desembrulhar das ondas e nas funduras do horizonte que a noite engole.
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a torre traz uma ideia de experiência esmagadora do despedaçamento das estruturas - geralmente internas e que levam às externas. Necessário...
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Ao cair da tarde no terreno da casa velha as frutas mais que macias de tempo caiam aos montes e esparramavam-se no chão como sorrisos largos...
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não há garoa que não passe, garota! *** ao cair da tarde as folhas cá em gotas *** muriçocas a zunir no ouvido da gata que maçada!...
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As vezes, evito escrever coisinhas aqui no "feedboock" q é pra num chocar tanto. Que choque ninguém gosta né. Pq eu num dou aquel...
o retrato: devoro o silêncio que há na parede. na parede das ondas que o mar revolto dentro de mim orvalha tuas têmporas. teu olhar sobre o horizonte é o enigma. onde brota este oceano de seivas e salivas ? o sal que te devora é o mesmo que devora a lesma. o sal da minha línguavivagridoce faminta é a oferenda que ofereço. corpo feito tigre entre raivosos dentes. ancorado pedaço de ilha. beijo recluso traçado desejo devorados instantes. e por te amar este mar navegas aventuras ébrios navios...
ResponderExcluiré teu
ResponderExcluiro sol en-
trando pelas
fendas das furnas
e é meu o sol ondeando
em plumas de bruma e acor
damos num sonho de meio-dia
aos trancos solavancos afagos vários
entre tuas ranhuras minhas intrigas seremos
mandíbulas de nós mesmos pálidos dissolvidos
num dilúvio de lama de mar de porcelana de corpos de lã de salamargo de Salamanca de sal