quarta-feira, 17 de junho de 2020

Há dias em que me sinto estranhada. Como se dia fosse um lugar. Como se tempo fosse esse unico lugar que habito. O tempo de eu estar e ser . Quando chega a hora da noite cair ela desce como um cavalo caindo de um arranha céu, a velocidade vetiginosa de um mundo que fora erigido por milênios e desaba veloz feroz voraz e pesado à força desmedida dos loucos e o sentir-pensamento  dos cascos e crinas nas alturas em queda e voo circulares elípticos mas que adentra e transforma. Por vezes em desalinho inusitado. Assim com peso aparentemente leve, só que tem que há uma densidade própria de seres como eu, que por vezes não se aguentam e transbordam. Os cabelos parecem fios desencapados nos ares. As mãos movem o barro úmido. A boca anseia o hálito. O fôlego incendiado no peito. A visão se turva quase em noite completa e o corpo exangue simula o trânsito da vida. O ato de sonho na realidade.

A palavra se constrói diante das cortinas abertas ainda que o tempo lá fora esteja escuro ou a neblina do olhar se faça mais acentuada e tudo parece ruir. Só que o rio corre e todas as águas seguem seu fluxo ainda sob a névoa do amanhecer.
É dia e a casa amanhece enfim mais uma vez!

Ah... o cavalo galopa e voa. Quedar abismar estremecer é próprio dos seres que avançam atravessam vazios caos longas escuridoes e se arriscam a viver. Agora! E a vista deste instante é bela. Há mesmo um afeto caloroso em viver que é quando o cavalo aterrissa, para e toca a nossa face num afago de cabeças. O quê de nós!

Rio, junho de 2020.
Alessandra Espínola

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