"o poema me visita
e a vida me exorcisa"
(Maria Helena Sleutjes)
O poema desliza como enigma elétrica na letra funda de rasas canções noturnas o poema revisita muda flauta doce diapasão e gaita de foice que desaresta o tempo ponte agudo e o ponteiro do mundo como arpão e farpas da memória do sabugo do corpo nu o poema navega carta de fole e folha nos braços de rios de formigas saúvas o poema uva saúda e saliva vida a vizinhança a viúva a criança o poema vinho tinto vem vindo à pele da boca do peito do ninho e explode à tona dando fim ao sozinho céu cilício insone e todas as terminações violáceas que perduram o poema é nuance nus ares libertador es fera que levita leviatã na veno-aquosa da mola essencial.
***
"Naquele tempo
em que chegar
ainda era possível
na linha curva do
horizonte
sem passados e despedidas..."
(Maria Helena Sleutjes)
em que chegar
ainda era possível
na linha curva do
horizonte
sem passados e despedidas..."
(Maria Helena Sleutjes)
Era uma vez sonhos formando a linha do horizonte era uma vez a rocha aberta no baque das ondas era uma vez a palavra aberta em flor colhendo o mundo era uma vez que tudo era outra vez era que eu não sabia o contorno dos teus olhos e a cor que eles me seriam era uma tarde de lua cheia nem era noite ainda e a lua vagalume iluminava todas as instâncias da vida e eu era via visage e visor ao mesmo tempo era uma vez o futuro espaço possível ainda de chegar presença e encontros com todas as distâncias.
o poema explode pelos poros suicídas da biopoesia. era uma vez a poesia que decreta o silêncio - ao lê-la. o eco não é a resposta. é a dança corporal entre o poeta e a palavra. de prazer e temor.
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