caminhos
travessia e conexão
a lua no alto da montanha
estende sua luz no corpo das águas
corredeira lenta e lodosa do passado, re_criando leito e caminhos.
o olhar agudo do tempo se lança como um mergulho de peixe que volta ao seu cardume,
um barco em direção ao futuro na imensidão, livres, todos livres
e a mão materna que move o barro e o barco descansa a pressa e peso do costado marítimo,
o arco lúmen alumia
a dor da exclusão da origem
rastreio e investigação, minuciosa arte de esgrima meter a mão na cova, pinçar entre os dedos o visgo da cauda curativa do escorpião, nas profundezas.
olhar direto, claro, fluir, diluir, ser em vir
da ferida do clã do sol
terras fronteiriças, transcendê-las
expor todos os mortos em honras e reconhecimentos -amorosos
ali no topo onde se revela o mapa na palma da mão com as cartas de terrras natais,
à tona na pele a flor e o espinho espessos, entre_linhas e silênciosas expedições
lunações e marés , sol a pino no mastro do marujo além de si, mar pra cá
Afogando inflamando o não dito dos sobrenomes sobrepostos em palimpsestos
sobre meu dorso o touro o pinguim e o leão, escorpião na brecha,
funda fenda do convés, convém a bússula ao norte,
o pássaro sem nome, desenha em seu voo códigos de fogo e bandeiras
pendulando nos índices do Tempo
o sussurro endurecido do grito, o rompimento do rito, a quebra do vínculo
a embriguez, a névoa, o fardo, o canto, a faca nas mãos, o calo e a causa
o grito abafado nas intercostais
o soco meticuloso, encenado
a infância entre a enxada e o mar, a grama, o musgo molhado da chama, a lama
pássaros de água e terra
Engenham futuro e sendas de fundas águas ao sol.
Rio de Janeiro, outono frio de 2025.