Investigo as vértebras da noite. Entre as fendas do tempo como escorpião espreito de soslaio a vida transitando pela casa. Pelas ruas. Corpos e lixos espalhados pelo chão. O cenário da seca. O bélico ato nas vértebras descalcificadas. A cartilagem do pó. O barro na soleira não se dissolve nem à presença do orvalho. Um bote na ponta do fuzil. Escorre meu olhar sem uma gota de esperança. Investigo as vértebras do tempo. Subo seus degraus. Meu olhar serpenteia a persiana ...tremor nas têmporas e o dia nasce como um feto abortado no beco. Luz é lâmina atravessando o in_cômodo sombrio e empoeirado do corpo de eras. Cheiro de sangue exala misturado ao licor do lixo - é uma mistura de gente, de gene, de verme , de cachorro, de vida em putrefação espumando já pelos poros , pelos povos, quentura de esgoto baforando a cara da vida como uma boquiaberta de morto à espera de ser gente com seu nome e sua história no seio tumular da terra.
Por Alessandra Espinola
fragmento do instante
1.
Até aos 20, valeu? Até aos 30, valeu? Valeu a vida ate aos 40? Me perguntei hoje. E silenciei, sepulcralmente.
É absurdo que ainda amanheça.
Até aos 20, valeu? Até aos 30, valeu? Valeu a vida ate aos 40? Me perguntei hoje. E silenciei, sepulcralmente.
É absurdo que ainda amanheça.
Por Alessandra Espinola
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