segunda-feira, 28 de outubro de 2024

 !-

manhã de primavera

depois das chuvas

mangas caem no telhado

2-

setembro se foi

agora é rubro ardor

de outubro

3-

poros das pedras

histórias são cantadas

pela fonte das águas

 

Alessandra Espínola

Rio de Janeiro, (Vila Cruzeiro), outurbo de 2024.

1-

canções de primavera

pássaros cantam no regato

alegram-se as árvores

2-

horizonte à frente

Sol, rio, céu

pedras rolando no tempo

3-

 canção de primavera:

andorinhas brincam no ar

duas asas num redemoinho


Alessandra Espínola

Rio de Janeiro, (Vila Cruzeiro), outubro de 2024.


 

sábado, 19 de outubro de 2024

 1- 

dia nublado

se abre no mormaço

do passado

2-

tatear no escuro

e sem forçar a vista 

tudo se modela

3-

olhar e ver

um exercício de volver

como um tubarão em torno da ilha

4-

adentrar a sombra

como fosse mar

em mergulho e trazer a tona os despojos

 

Alessandra Espínola

Rio de Janeiro, Vila Cruzeiro, primavera de 2024.


sábado, 12 de outubro de 2024

 foi no terreno da casa velha onde os irmãos mortos foram enterrados. esquecidos . eu os sepulto e arranjo cuidadosamente a coroa de palavras, como uma condecoração e honra. admiração pela generosidade de terem morrido antes de mim, o grande ato heróico de terem lutado por mim, abrindo caminhos e portas em amor , este infinito ato de colaboração que é a vida, que é a vinda em cada ventre ao contrário do que diz o mundo e as balelas do egoísmo e da maldade que nascer é competição, não é!

 vir a ser, adentrar o ventre da terra e de uma mulher é conjunção, união , doação e colaboração. cada espermatozóide que vai correndo viajando em direção ao óvulo é uma ato de irmandade e amor ao próximo sobretudo ao que vem depois para que possa ter acesso a vida, à casa óvulo, à casa-ventre, ao verbo de ser,  ao processo doloroso sim de viver, então só aí então é que os últimos conseguem entrar e se misturar ao óvulo e passar por toda aquela cofusão de vida mais ou menos durante três dias ali decidindo se vai continuar. graças também a uma inteligência amorosa e colaborativa da Vida e de cada esperamtozódie que nos permitiu vir aqui. aos nossos irmãos todos que vieram antes e se aventuraram no caminho abrindo e aumentando nossas chances de conseguir o lugar na vida que eles preparam e aos que virão esta carta, esta poesia, este amor que levo adiante, ao valor da colaboração que pode se manifestar em generosidade e com todos os valores éticos, humanos, materiais e divinos. aos nossos irmãos, esta coroa de flores e palavras-flores sobre o tempo. foi uma multidão antes de mim, abrindo os caminhos de vida.

ir buscar os achados esquecidos no fundos do grande tempo e guardados nas profundezas das densas águas dos oceanos surgidos à luz do sol .

memórias, construtos, histórias que trazem à tona todas as vidas refletidas por eras através da lua que incansável trabalha no sigilo e no silêncio e na escuta que abarca. 


Rio de Janeiro - Vila Cruzeiro, primavera de 2024.

 a torre traz uma ideia de experiência esmagadora do despedaçamento das estruturas - geralmente internas e que levam às externas. Necessário...