sexta-feira, 1 de julho de 2016

eu vi o poema 2

eu vi o poema:

eu vi o poema
que se tecia no sonho
tateando, esculpindo a trilha -
o tantra do mundo,
a vida em trama de luz e som
flor dos olhos era a fulgente rosa dançarina de sol
em silêncio: o verbo na carne; canção de fogo e vento,
num corpo de pele ocre do magma -
raio resplandescente de alma
lua âmbar lamparina no redemoinho
dissolvendo a treva e a sombra do átomo
átimo infinito desvelando o poema
feito feitio de tempo queimando o barro
iluminária de ventre germiando o caminho o acaso legendado
o sagrado decantado
deitei a raiz e a fronte no teu colo de terracota
eu vi o poema íntimo
renascido do templo de évora e da ilha d'áfrica
nada era bruto nem de sangue morto
era orvalho da palavra
era o poema vivo eu vi
teia nebulosa colorida
feixe cristalino d'água!


alessandra espínola

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